A parceria
entre homens e cavalos começou há muitos séculos, quando os povos asiáticos
começaram a montá-los para se locomoverem pelos campos de plantio e áreas de
caçadas. Pouco a pouco, ele foi sendo adestrado e passou a ser usado para
ajudar no desenvolvimento das civilizações, exploração de novos territórios e
até no fortalecimento militar.
Além disso,
eles também começavam a ganhar espaço nas disputas esportivas. Nos Jogos
Olímpicos da Antiguidade, eram disputadas as corridas de cavalos e de bigas –
nesta última, eles puxavam uma pequena charrete.
Do início do
Século XV ao XVIII, o Hipismo foi redescoberto como arte pelos europeus, que
demonstraram interesse principalmente pelos saltos. Já os ingleses os montavam
para caçar, mas a popularidade começava a crescer tanto que, mesmo na época da
baixa temporada de caça ou no inverno rigoroso, os britânicos realizavam
competições.
E foram
justamente as provas de saltos que marcaram a entrada do Hipismo nos Jogos
Olímpicos da Era Moderna, na edição de 1900, em Paris. A disciplina ficou de
fora em 1904, na cidade americana de Saint Louis, e 1908, em Londres.
O retorno
aconteceu nos Jogos de Estocolmo, em 1912. A competição na capital sueca marcou
ainda a entrada de mais duas disciplinas do esporte: o Adestramento e o
Concurso Completo de Equitação (CCE), que junto aos saltos, compõem o programa
olímpico do esporte. A Federação Internacional de Hipismo (FEI), entidade
reguladora do esporte, surgiu em 1921.
A disciplina
conta com disputas individuais e por equipes. Este é o único esporte em que
homem e animal formam um conjunto. Isso significa que, se um cavalo é pego no
doping, o cavaleiro também acaba punido.
Na prova de
saltos, a mais popular do Hipismo, cavalo e cavaleiro precisam completar um
percurso de obstáculos no menor tempo possível, e sem sofrer penalizações – que
acontecem como na derrubada de algum elemento ou falha na hora de pular.
Já o
Adestramento visa a mostrar a perfeita harmonia entre o cavaleiro e seu cavalo,
com a realização de movimentos obrigatórios e outros livres. Árbitros julgam as
apresentações e avaliam quesitos como a obediência da montaria aos comandos
feitos pelo participante.
Por sua vez o CCE pode ser comparado a um triatlo equestre, pois reúne provas de adestramento, saltos e cross country - nesta última, os cavalos precisam superar obstáculos naturais em velocidade. As disputas são realizadas por três dias seguidos, e a etapa de saltos é decisiva.
Hipismo Adestramento
A disciplina
de Adestramento do Hipismo data da Grécia Antiga, cujo povo defendia que os
cavalos se movessem de forma natural e disciplinada. Porém, outros registros
históricos apontam que ela tem como origem o treinamento das montadas para a
guerra - que era feito de forma nada harmônica, com esporas e exaustão física.
A arte de
andar em cavalos obedientes voltou à tona no período da Renascença. À época,
reis e membros da nobreza desfilavam com animais extremamente treinados, que
atendiam prontamente aos seus movimentos. Quanto mais disciplinado, mais
elegante e admirado.
No ano de
1532, o italiano Federico Grisone fundou em Nápoles uma escola de equitação,
cujo conceito logo se espalhou pela Europa nos séculos seguintes. Outra instituição
conhecida é a Escola Espanhola de Equitação de Viena, que surgiu em 1729 e é
tida como referência para o Adestramento até os dias de hoje.
O Hipismo
está presente nos Jogos desde a edição de 1900, em Paris, mas a entrada do
Adestramento aconteceu apenas em 1912, em Estocolmo, quando o esporte ficou de
vez no programa. O evento por equipes começou a ser disputado apenas em 1928,
em Amsterdã.
O objetivo é
avaliar a condução do conjunto formado pelo cavaleiro e o cavalo, verificando a
capacidade da montaria de responder aos comandos do homem na execução de
movimentos específicos. A área de competição é plana, em forma de retângulo, e
mede 60 x 20m.
A
performance de cada conjunto é avaliada por sete juízes, e o quesito mais
importante é o controle do participante sobre a sua montaria – até a postura da
cabeça do cavalo é levada em conta. O vencedor é aquele que receber a melhor
avaliação em notas que podem variar de zero a dez. Durante a apresentação, o
cavaleiro não pode fazer qualquer tipo de som.
Erros no
percurso são avisados com um sino, e a perda de pontos é proporcional ao número
de falhas. Ou seja, o primeiro implica na retirada de dois pontos, o segundo na
de quatro, e assim aumentando de forma progressiva.
A competição
de Adestramento tem eventos individuais e por equipes, com três cavaleiros
cada, e que acontecem ao mesmo tempo. A primeira fase, chamada de Grand Prix,
classifica os sete melhores times e os 11 conjuntos que não fazem parte de
nenhum deles.
Já a etapa
seguinte, o Grand Prix Special, é a fase final da competição por equipes – a
soma das duas apresentações define o pódio. Na disputa individual, os 18
melhores conjuntos passam à decisão, o Grand Prix Freestyle, com base somente
no desempenho desta rodada.
Hipismo Concurso Completo de Equitação - CCE
Ter os
cavalos mais ágeis e resistentes para qualquer tipo de combate. Esta é a
filosofia que deu origem à disciplina do Concurso Completo de Equitação (CCE,
Eventing em inglês) do Hipismo, a mais exigente do esporte. Sua origem remete à
Europa, onde militares faziam disputas para testar como suas montadas reagiriam
às mais diversas situações.
Mesmo com a
diminuição dos conflitos armados, o esporte tendeu a crescer. A primeira
competição oficial aconteceria em 1902, na França, e a disputa se tornava
popular em países como a Austrália e a Nova Zelândia, assim como na América do
Norte.
Em 1912, o
CCE ganharia espaço no programa do Hipismo dos Jogos Olímpicos de Estocolmo,
junto aos eventos de Saltos e Adestramento. Outro nome do esporte era Cavalo
D’Armas (“Cheval D'Arms”, em francês), devido à sua origem.
Disputado
tanto individualmente como por equipes, o CCE é considerado um “triatlo”
equestre, pois reúne provas de adestramento, saltos e cross country. A disputa
é realizada em mais de um dia, e exige do conjunto força, resistência,
equilíbrio e concentração.
A primeira
disputa é o adestramento, que pode durar até dois dias dependendo do número de
atletas na competição. Os conjuntos são avaliados por uma comissão julgadora em
apresentações para mostrar a harmonia entre o cavaleiro e sua montaria.
A competição
seguinte é a de cross country, na qual os participantes precisam saltar
obstáculos rústicos (de 42 a 45 saltos combinados ou não) ao ar livre, num
tempo concedido e com o menor número de faltas.
O momento
final do CCE é uma competição de saltos, com um percurso de 11 a 13 obstáculos
com no máximo 16 saltos, na altura de 1,25m, do qual sai o resultado por
equipes. Os 25 melhores participam de uma segunda prova de salto, com o máximo
de nove obstáculos e 12 saltos, na altura de 1,30m, e que define o resultado
individual.
Ao longo de toda a disputa, pontos negativos para cada conjunto são acumulados. O vencedor da prova é aquele que acumular menos penalidades no cômputo geral. As equipes são formadas por cinco participantes cada, e os dois piores resultados tem seu desempenho descartado.
Hipismo Saltos
Evento mais
antigo do Hipismo, a disputa de Saltos foi criada pelos ingleses. Durante o
Século XVIII, uma decisão do Parlamento britânico obrigou o fechamento de
algumas áreas abertas no campo. Com isso, alguns caçadores de raposas que já gostavam
de cavalgar em velocidade passaram a pular as cercas de algumas propriedades.
Na metade do
Século XIX, foi criada uma prova que lembrava as caçadas, mas em um circuito
menor e com obstáculos como troncos, pequenos barrancos e riachos. A primeira competição
oficial data de 1900, na Irlanda – mesmo ano no qual o Hipismo estreou nos
Jogos Olímpicos, em Paris, com três eventos: salto em altura, salto em
distância e percurso por tempo.
A disciplina
ficou fora do programa dos Jogos de 1904, na cidade americana de Saint Louis, e
os de 1908, em Londres, mas voltou para a edição de 1912, em Estocolmo. A
capital sueca viu ainda a introdução dos obstáculos em sequência, uma invenção
do capitão italiano Frederico Caprilli – considerado o pai do Hipismo moderno.
Outra
mudança importante apresentada por Caprilli foi um modo de saltar nas provas
que é utilizado até hoje: com o assento ligeiramente para fora da sela e o
corpo projetado para a frente enquanto o cavalo está no ar.
Nos saltos,
o objetivo é completar um percurso com 8 a 12 obstáculos, que inclui barras
paralelas, fossos e pequenos muros, no menor tempo possível. Derrubar elementos
da pista, desvios na trajetória ou ultrapassar o tempo limite para a
apresentação rendem penalidades aos cavaleiros, que tem descontos no desempenho
final.
A disputa
individual têm cinco fases, todas eliminatórias, e os 20 melhores brigam pelas
medalhas em duas rodadas, também chamadas de Finais A e B. Quem tiver o melhor
desempenho nestas passagens é o vencedor – se dois ou mais participantes não
cometerem nenhuma falta, eles voltam à pista para o desempate. O regulamento
permite apenas três conjuntos por país na final individual.
Já a competição por equipes conta com duas etapas, e apenas as oito melhores seguem até a decisão. O time com melhor desempenho em ambas as rodadas vence. Apenas quatro participantes podem saltar na disputa, descartando um dos resultados - normalmente, o pior deles. Cada representação conta com quatro cavaleiros, e um reserva.
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